domingo, 7 de dezembro de 2014



Quanto mais conectados estamos, mais desconectados ficamos. É o paradoxo moderno, já que toda a ligação virtual nos afasta do contato real. Com a mesma velocidade de gigabytes de nossa internet fazemos e desfazemos amigos, encontramos e abandonamos amores, aceitamos e bloqueamos contatos.

Amor numa cabana? Só se não houver wi-fi para criar uma duvida razoável sobre a fidelidade virtual um do outro ou não nos trazer novos contatos mais interessantes. Romeu e Julieta? Se houvesse celular nenhum deles havia morrido e provavelmente teriam se separado quando os pais aceitassem a relação. Idade média? Eram anos sem se ver graças às viagens, e só o que lhe restava eram as lembranças de seu amor que se foi ou que ficou.

Há 20 anos, conhecer, manter e se apaixonar era uma jornada. Eram cartinhas, encontros e desencontros, telefonemas (via orelhão) e ao que parece, era justamente essa dificuldade de contato que mantinha a chama mais acesa que nos dias de hoje.

Hoje? Em um clique você conhece, se apaixona, se desinteressa e descarta, até porque a internet tem sempre outro amor pra compensar o que passou. As possibilidades do mundo moderno criam uma ilusão de infinidade, de tudo é possível, e faz com que todos questionem se realmente tem o que merece ou se o futuro sempre lhes reservará algo melhor.

Ansiedade, depressão, síndrome do pânico, tudo fica mais fácil de compreender se pensarmos o quando as pessoas atualmente tem sido descartáveis. Hoje você é o mundo daquela pessoa que te manda whatts de hora em hora, curte todas suas fotos, publica indiretas românticas, e num passe de mágica no dia seguinte mal se lembra de você. É justamente isso que cria uma necessidade absurda de se enquadrar nos padrões atuais, seja de beleza, de status e ou de uma superficialidade insustentável, que se torna a verdadeira armadilha.


Temos uma geração se criando onde o mais importante que viver a experiência é publicar no instagram ou postar no facebook. A diferença do veneno e da vacina é a dose. Esse excesso parece por fim a naturalidade, originalidade e individualidade, já que tudo ficou rápido, sem consistência e padronizado. O jeito é torcer pra que um dia percebermos esse bug tecnológico, dando um upgrade no coração e não um selfie no espelho.
 

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