sexta-feira, 15 de outubro de 2010







O ser humano é um vírus. Reproduz-se indiscriminadamente. Consome todos os recursos naturais a sua volta. Possui uma adaptação invejável. Vive uma vida inteira de busca, sendo que muitas vezes nunca chega a alcançar, mas tem por hábito passar por cima de todos para conquistar seus objetivos.

Essa busca moderna está cada vez mais equivocada num ambiente externo, relacionado à fama, beleza, juventude, dinheiro, mas que reflete sempre um vazio interior, que almeja e grita faminto por  afeição, compaixão, misericórdia, paixão, satisfação, conquista, desejo, libido.



O desejo de contato físico é tão grande, que travamos guerras imbecis, conflitos, discussões, tudo pra justificar o contato, antes um tapa, pra demonstrar força do que dar as mãos e sinalizar de fraqueza.


Hipócrita, medíocre, violento, leviano, cruel. Dos níveis mais baixos, que "não fazem mal a ninguém", até verdadeiros psicopatas no poder e causando danos irreversíveis, o ser humano é um paradoxo entre o bem e o mal.

Fazer o mal é normal, comum, afinal, conhecer alguém gentil, educado, honesto, acaba por se tornar um momento único, tamanha a falta dessas características nos dias de hoje.

Inserido num ecossistema com perfeição invejável, este vírus consegue desestruturar tudo, trazendo pra si próprio todo o malefício inerente da irresponsabilidade de quem costuma “brincar de Deus”. Seu próprio organismo é uma máquina perfeita, mas que ele próprio consegue a envenenar. Criamos tantos mecanismos de defesa que eles próprios se transformam num câncer oculto, nos trazendo dor.


Somos todos ignorantes diante do valor da vida de todos e de tudo. Somos prepotentes. Hoje o status quo é o de ser superior ao de qualquer sentimento. Sentir é demonstração de fraqueza, de inferioridade. Até deturpar belos conceitos como a Inteligência Emocional este ser "desumano" consegue.

"O valor no século XXI é monetário e a crise é psicológica. Uma guerra constante entre o que queremos, o que devemos e o que podemos."


Cada vez menos damos valor a coisas que cada vez mais nos faz falta. O amor foi banalizado, o sexo subjugado, a felicidade foi corrompida, a tristeza foi reverenciada. Não existe a vergonha. Vergonha por se ganhar dinheiro as custas da miséria alheia, vergonha por se manter miserável para enriquecer o outro, vergonha por fazer parte desse sistema obscuro, discriminatório e banal. O mundo vive a experiência ímpar de deixar tudo como está pra ver como é que fica.

Vivemos na contra mão de nossos próprios interesses. Estamos, a cada dia que passa mais conectado e paralelamente, mais distante. Nunca foi tão fácil entrar em contato, mas nunca antes foi tão difícil, manter esse contato.



Julgamos uns aos outros. Todos sofremos a dor do julgamento e passamos essa a diante, como se a desgraça alheia aliviasse a nossa própria vida já tão amargurada também.

Os vínculos são superficiais, porque ninguém está realmente interessado em saber mais do outro, afinal, estão todos ocupados demais, correndo atrás da "vida", uma vida inteira de busca, a busca por algo que para termos, temos que dar e que para recebermos, temos que aprender a valorizar.
 

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